Sumário
Por que alguns muçulmanos tornam-se islamistas e
alguns islamistas tornam-se violentos? A um sumário de algumas convicções
básicas sustentadas em vários graus por todos os
muçulmanos, segue-se uma explicação de como os islamistas desenvolveram essas
ideias em reação aos vários desafios (especialmente políticos) do mundo
moderno. Esta análise nos coloca frente a frente com o que tem sido chamado “a
luta pela alma do islã”. [1] É só dentro desse cenário que temos
condições de sugerir como os cristãos podem responder em vários níveis
diferentes aos muçulmanos em geral e aos islamistas em particular.
Introdução
Um dos motivos pelos quais temos tanta dificuldade
em dar respostas a questões relacionadas com o islã é que não conseguimos fazer
distinção entre “islã” (todo o sistema de crenças e modo de vida dos 1,3 bilhão
de muçulmanos), “islamismo” (fundamentalismo islâmico — às vezes chamado islã
revivalista, radical, ativista ou político) e “terrorismo islâmico” (terrorismo
perpetrado por muçulmanos em nome do islã). Por não conseguirem fazer essas
distinções, muitos entendem, por exemplo, que o terrorismo praticado pelos
muçulmanos é uma expressão natural de crenças islâmicas. [2]
Se somos proibidos de dar falso testemunho contra
nosso próximo (Êxodo 20.16), é essencial que os cristãos permitam que os
próprios muçulmanos se definam e, com isso, reconheçam que a maior parte dos
muçulmanos gostaria de fazer distinção entre “muçulmanos”, “islamistas” e
“terroristas muçulmanos/islamistas”. Ainda que o paralelo não seja exato,
pode-se dizer que um muçulmano estudando terrorismo na Irlanda do Norte em anos
recentes também teria de fazer distinção entre cristianismo, a Igreja Católica
Romana e o IRA.
Ishtiaq Ahmed, líder muçulmano em Bradford,
estimava em 2001 que cerca de 15% dos muçulmanos britânicos poderiam ser
chamados “islamistas” ou “radicais”, 15% liberais ou modernistas, enquanto os
70% restantes poderiam ser descritos como tradicionalistas ou
ortodoxos.[3] Embora algumas pesquisas recentes tenham dado uma proporção
maior de islamistas, é evidente que ainda são minoria e, entre eles, os que
aprovam a violência em nome do islã seriam, portanto, minoria dentro da
minoria. Muitos muçulmanos dissociam-se completamente dos militantes e
terroristas. Há, porém, um número significativo de muçulmanos britânicos que
não apoiariam ativamente o uso da violência, mas não o condenariam abertamente.
E muitos alegariam que se a violência não é justificável no contexto britânico,
ela pode ser justificada em alguns outros contextos
como Afeganistão, Iraque ou Israel/Palestina. Categorias estanques com rótulos
claros não cabem neste debate e mesmo entre os islamistas há um vasto espectro
de posições desde moderados (em simpatia, por exemplo, com o Conselho Muçulmano
da Grã-Bretanha e a Associação Muçulmana da Grã-Bretanha) até extremistas (como
Hizb ut-Tahrir, defensores da sharia e da Seita dos Salvos).[4]
Convicções básicas sustentadas por todos os muçulmanos
O conceito de umma (a nação
ou o povo islâmico que aceita as crenças essenciais do Islã) cria um forte
senso de solidariedade entre os muçulmanos em todo o mundo, de modo que, em
geral, sentem que um ataque a um grupo de muçulmanos é um ataque a toda a Casa
de Islã.
Os muçulmanos relembram com orgulho certo número de
“Eras de Ouro” no passado: o primeiro estado islâmico criado em Medina, o
período dos quatro Califas Bem Guiados (os sucessores de Maomé como líderes da
comunidade muçulmana), a Dinastia Abássida baseada em Bagdá e o domínio
islâmico na Espanha. Eles sofrem por perceber o declínio do mundo muçulmano em
relação à Europa que se iniciou por volta do século XVI e estão muito
conscientes da fraqueza e humilhação do mundo muçulmano hoje. Assim, eles têm
um modo característico de compreender a própria história, que considera a
condição debilitada do mundo muçulmano como resultado do declínio na prática do
islã verdadeiro.
O que pensam acerca da política é guiado por alguns
conceitos básicos interligados. Uma vez que Deus deu sua lei (sharia) para mostrar como os indivíduos e as
comunidades devem conduzir a vida, a situação ideal para cada muçulmano viver é
um estado islâmico, onde não haveria separação entre religião e estado. Por
muitos séculos as áreas do mundo regidas pelo islã foram chamadas Dar al-Islam (A Casa de Islã) e o restante do
mundo, Dar al-harb (A Casa de Guerra, i.e., áreas que,
espera-se, um dia ficarão sob domínio do islã). Esses termos, entretanto, estão
sendo modificados por muitos muçulmanos que desejam falar de Dar al-dawa (A Casa de Missão), Dar al-shahada (Casa de Testemunho) ou Dar al-sulh (Casa de Paz) em vez de A Casa de
Guerra.[5] Juntas, essas ideias têm, em geral, levado a um forte senso de
importância do poder político e da territorialidade: “Islã deve
dominar”,[6] e os muçulmanos sempre vão querer se agarrar a qualquer
território que dominarem. Isso também faz com que alguns muçulmanos tenham mais
dificuldades em lidar com o fato de que cerca de um quarto dos muçulmanos vive
hoje como comunidades minoritárias em sociedades pluralistas em diferentes
partes do mundo.
É nesse contexto que precisamos compreender jihad, que é em geral (mas erroneamente) traduzida
“Guerra Santa”. A palavra significa “luta”, sendo empregada para descrever a
luta em que todos os muçulmanos devem estar engajados “no caminho de Deus”. Ao
longo dos séculos, tornou-se, nas palavras de John Esposito, “um conceito
definidor ou crença em islã […] uma obrigação religiosa universal, para todos
os muçulmanos verdadeiros, de se juntarem à jihad para
promover uma revolução islâmica global”.[7] Alguns muçulmanos a consideram
o sexto “Pilar do Islã” e, portanto, uma obrigação de todos os muçulmanos.
Embora em anos recentes muitos muçulmanos liberais no Ocidente tenham dado
ênfase a significados mais espirituais da jihad, Bernard Lewis
tem razão ao destacar que “Na maior parte dos catorze séculos de história
registrada dos muçulmanos, a interpretação mais comum de jihad era luta armada para defesa ou avanço do
poder muçulmano”.[8] A ênfase na jihad espiritual
é, pois, um fenômeno comparativamente recente.
Lutas e violência são justificáveis na autodefesa.
Os muçulmanos em geral, portanto, não hesitam em dizer que têm direito de se
defender contra tudo o que o Ocidente vem fazendo ao mundo do islã em séculos
recentes. Em sua época, em Medina, o profeta Maomé acreditava que havia
recebido revelações de Deus, permitindo-lhe lutar para proteger a nova
comunidade islâmica dos pagãos de Meca que tentavam derrotá-lo (e.g. “Está-vos
prescrita a luta, embora o repudieis…” Q 2:216-217). Também se deve observar
que a lei islâmica estabelece diretrizes claras para a conduta na guerra, e que
há algumas semelhanças entre o ensino islâmico tradicional acerca da jihad e o conceito cristão da Guerra Justa.
Os muçulmanos nunca podem esquecer o fato de que em
várias ocasiões entre meados do século XVIII e meados do século XX, a maior
parte do mundo muçulmano ficou sob domínio colonial direto do Ocidente, e mesmo
naquelas áreas não colonizadas, os poderes ocidentais interferiram ativamente
nas tentativas de estender sua influência. Para os muçulmanos, é especialmente
difícil aceitar isso porque, por séculos, eles dominaram o Oriente Médio,
governando populações que a princípio eram em grande parte cristãs. É cabível,
portanto, no entender deles, que os muçulmanos dominem sobre os cristãos, mas
difícil compreender como Deus teria permitido que os cristãos dominassem sobre
os muçulmanos. A criação de Israel em 1948 é vista como o último exemplo do
colonialismo ocidental e o mais provocativo deles, uma vez que, embora os
impérios mais antigos tenham passado, essa entidade colonial permanece como um
grande espinho na carne no coração do mundo muçulmano.
Ainda que o suicídio seja totalmente proibido na
lei islâmica, mártires (shuhada’) que dão a
vida pela causa divina no contexto da jihad são
altamente honrados, tendo garantida entrada imediata no paraíso.
Embora muitas vezes seja difícil fazer distinção
entre “religião” e “cultura”, parece que o conceito de “honra” (izza em árabe, izzat em urdu)
é fundamental na maioria das culturas muçulmanas (especialmente no Oriente
Médio e sul da Ásia) e significa que cada indivíduo tem uma obrigação de
defender a honra da família e da comunidade. É isso que está por trás dos
chamados “assassinatos por honra” registrados tanto na Grã-Bretanha como em
países islâmicos em anos recentes. Tarik Modood o define como “uma forma de
honra importante para os muçulmanos, em geral associado com a posição social ou
respeitabilidade de que uma família possa gozar”. Relacionada à izzat há o conceito de ghaira (árabe, significando zelo, ciúmes, fervor,
senso de honra ou respeito próprio; urdu, ghairat), que
significa defender a honra do islã. Modood diz que ghairat “diz respeito à qualidade do orgulho ou do
amor de alguém — orgulho de sua religião — ou o Profeta”.[9]
Judeus e cristãos gozam de respeito especial no
Alcorão como “Povos do Livro”, estando, portanto, em categoria diferente da dos
idólatras pagãos. O profeta Maomé, porém, teve um relacionamento difícil com as
três principais tribos judaicas em Medina, principalmente porque elas se
recusavam a aceitar suas reivindicações proféticas e foram acusadas de
colaborar com os idólatras de Meca contra ele. Vários versos do Alcorão são bem
críticos em relação aos judeus e parecem refletir essas dificuldades de
relacionamento. Por exemplo: “Constatarás que os piores inimigos dos fiéis,
são os judeus e os idólatras…” (Q 5:82). Não admira, portanto, que quando
os muçulmanos sofrem dificuldades nas mãos dos judeus — como tem ocorrido em
Israel/Palestina — logo fazem ligação entre a própria experiência e a do
Profeta. Alguns dos ensinos do Profeta registrados na hadith expressam sentimentos acerca dos judeus
que, nos padrões de hoje, poderiam ser descritos como antissemitas.
É difícil apontar uma atitude consistente para com
o cristianismo no Alcorão porque este contém um leque amplo. Alguns versos são
muito positivos (e.g. 2:26), e o verso já citado que fala da hostilidade dos
judeus prossegue: “(…) Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto
dos fiéis são os que dizem: Somos cristãos…” (5:82-83). Outros versos são mais
críticos e exaltados (e.g. 3:64; 3:84; 4:171; 29:46; 5:51; 5:72-73). O verso
mais hostil instrui os muçulmanos: “Combatei aqueles que não creem em Deus e no
Dia do Juízo Final, nem se abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, nem
professam a verdadeira religião daqueles que receberam o Livro, até que,
submissos, paguem o Jizyah [tributo
cobrado de comunidades toleradas]” (9:29). Sendo tão vasto o leque de atitudes
expressas em relação ao cristianismo no Alcorão, os muçulmanos precisam
desenvolver princípios de interpretação para mostrar quais desses versos são
mais relevantes no relacionamento deles com os cristãos hoje.
O Alcorão é entendido como as próprias palavras de
Deus comunicadas a Maomé, mas precisam ser interpretadas pelos muçulmanos hoje
em seus diferentes contextos. Isso tem particular importância ao se
considerarem os versos sobre violência. A ordem para “lutar” (qatilu) é encontrada nove vezes no Alcorão (e.g.
2:190), e a ordem para “matar” (uqtulu) é encontrada
cinco vezes (e.g. 2:191). Há dois princípios que os muçulmanos empregam para
poder interpretar versos desse tipo.
– O primeiro princípio é que cada verso precisa ser
compreendido à luz do contexto em que foi revelado a Maomé. Ordens para
combater os inimigos, portanto, não podem ser transformadas em uma regra geral
para todos os tempos, uma vez que a ordem era adequada para a situação
histórica específica e pode não ser relevante para os muçulmanos hoje.
– O segundo princípio é conhecido como Ab-rogação e
significa que em certo número de casos (há debates quanto ao número exato) uma
revelação posterior ab-roga ou cancela uma anterior. Quando esse princípio é
aplicado, versos anteriores que expressam atitudes positivas para com os
cristãos são ab-rogados pelo verso revelado no último ano da vida do Profeta,
convocando os muçulmanos a combater um grupo específico de cristãos até que
este se submeta (9:29). É a revelação posterior que concede um governo de
autoridade para os muçulmanos hoje.
Convicções que fazem do muçulmano um
islamista
A questão agora é: quais são as outras crenças que
levam muçulmanos comuns a cruzar a linha e se tornarem islamistas com
motivações políticas? Quais são algumas das ideias desenvolvidas por Abd
al-Wahhab (1703-1791), o fundador do wahhabismo na Arábia,[10] e mais
tarde pelos grandes ideólogos islamistas, Hasan al-Banna no Egito (1906-1949),
Abul A’la Mawdudi no Paquistão (1903-1979) e Sayyid Qutb no Egito (1906-1966),
em resposta aos desdobramentos sociais e políticos dos séculos XIX e
XX?[11] Embora seja difícil generalizar, essas são algumas das convicções
básicas defendidas em graus variados por aqueles que poderiam ser considerados
islamistas. Alguns tentam, de maneira muito deliberada, contextualizar essas
ideias em ambientes britânicos, europeus ou ocidentais.
Os islamistas decidiram que precisam fazer alguma coisa para mudar a situação terrível em que
se encontram. Jason Burke resume isso como “um sentimento de que algo está
errado e precisa ser corrigido. Isso pode ser um problema real ou apenas uma
suposta injustiça (ou até ambos)”.[12] Em geral, seu ativismo é expresso
de formas legítimas, pelo ativismo político e pela mídia. Quando são acusados
de usarem meios ilegítimos para alcançar seus alvos, alegam que os fins às
vezes justificam os meios.
Sayyid Qutb desenvolveu a ideia de que a jahiliyya (a Era da Ignorância), empregada
tradicionalmente para descrever o estado da sociedade árabe antes do islã,
deveria ser aplicada ao mundo muçulmano atual por este ter abandonado o islã
real. É importante reconhecer que os islamistas estão em geral tão desgostosos,
ou às vezes até mais, com os irmãos muçulmanos do que com o Ocidente não
muçulmano.
No século XIV, Ibn Taymiya emitiu uma fatwa (regra legal) altamente significativa que
conclamava os muçulmanos a empregarem a violência para depor seus governantes
que não fossem fieis ao islã. Essas ideias foram adotadas pelos islamistas de
hoje que usam a palavra takfir (considerar
uma pessoa kafir [incrédula] e, por
conseguinte, excomungá-la) e a aplicam a muçulmanos infiéis em geral e, em
especial, para governos muçulmanos corruptos e autocráticos que colaboram com o
Ocidente.
Os islamistas consideram o islã um sistema
político-religioso completo. Uma vez que o islã sempre foi considerado um
estilo de vida completo, ele deve ser autossuficiente, valendo-se dos recursos
inerentes à própria tradição para se renovar. Ainda que os muçulmanos possam se
beneficiar de avanços na ciência, tecnologia e medicina, eles não precisam de
nenhuma ideologia desenvolvida no Ocidente e não precisam incorporar elementos
da lei ocidental à lei islâmica tradicional. Assim, embora alguns aspectos da
modernidade possam ser adotados, tudo o que é inconsistente com o islã deve ser
firmemente rejeitado.
Muitos islamistas adotaram a palavra khalifa (califado) para resumir o objetivo que têm
de unir todo o mundo muçulmano sob a autoridade da lei islâmica e uma liderança
central. Eles consideram a política de Ataturk, de secularização forçada que
incluiu a abolição do Califado em 1924, como um desastre para a causa do islã e
querem ver algo parecido com o Califado restaurado hoje.
Os islamistas tendem a ser críticos em relação aos
muçulmanos tradicionalistas ortodoxos, por não se comprometerem com +os
problemas reais de hoje. Eles são extremamente críticos em relação às muitas
formas populares do islã e condenam muçulmanos liberais/modernistas pela
adaptação excessiva ao mundo moderno.
A maior parte dos islamistas não só condena as
ações do estado de Israel desde sua criação em 1948, como também questionam seu
direito de existir como estado judaico. Embora a retórica recente do presidente
iraniano dê a entender que seu alvo é provocar outro Holocausto e jogar todos
os judeus de Israel no mar, é provável que ele e outros islamistas estejam
defendendo mesmo a abolição de Israel como um estado judeu e a criação ou de um estado mais secular em que judeus e
muçulmanos sejam iguais ou de um estado
islâmico em que os judeus, se quiserem ali morar, devem viver sob governo
islâmico.[13]
É comum terem opiniões extremamente negativas em
relação aos cristãos, chamando-os kuffar, incrédulos,
e algumas expressões de antissemitismo são tão fortes e perniciosas quanto as
que têm sido vistas em contextos ocidentais.[14]
O que os islamistas têm feito é apegarem-se a
certas ideias que fazem parte de suas escrituras, tradição e história para
enfrentar situações e desafios modernos. Se consideram que o mundo muçulmano
está sendo atacado, não surpreende que muitos deles sintam que as ordens quanto
ao engajamento na jihad, dirigidas aos primeiros
muçulmanos no Alcorão, também sejam dirigidas a eles em seus contextos atuais.
Convicções que encorajam os islamistas à violência
Por que alguns islamistas acreditam que a violência
em nome do Islã é justificada em certas situações, enquanto outros islamistas
acreditam que ela nunca se justifica? Quais são algumas das crenças que fizeram
de Osama bi Laden, muçulmano ortodoxo devotado, o líder de uma rede de
muçulmanos dedicados à violência? Aqui podemos notar quatro convicções básicas.
O ativismo canalizado em atividades sociais e
políticas legítimas nunca será suficiente para alcançar as mudanças radicais
necessárias. Depois de dizer que o motivo original para o islamista é “um
sentimento de que algo está errado e precisa ser corrigido”, Jason Burke
prossegue dizendo que “O segundo estágio é o sentimento de que o problema, seja
cósmico, seja puramente pessoal, não pode ser resolvido sem que se recorra a um
modo de ação ou ativismo além daqueles providos pela estrutura política ou
legal de uma sociedade específica”.[15] A atividade revolucionária que
rompe todos os limites aceitos, dizem, é a única coisa que mudará o mundo.
A jihad, portanto, deve ser tanto defensiva como ofensiva.
A violência é justificada na deposição de governos
injustos. Esse passo crucial foi tomado por Sayyid Qutb, que passou nove anos
preso durante o governo de Nasser. Nesse desenvolvimento ele foi mais longe que
Hassan al-Banna, que fundou a Irmandade Muçulmana em 1928 e Abul A’la Mawdudi.
A nova ideia de Qutb foi adotada pelo Dr. Abdelaziz Azzam, que exerceu profunda
influência sobre Osama Bin Laden: “Só a jihad e o
fuzil: nenhuma negociação, nenhuma conferência e nenhum diálogo… a jihad permanecerá como obrigação individual até
que todas as outras terras que eram muçulmanas nos sejam devolvidas, de modo
que o islã volte a reinar: diante de nós estão Palestina, Bokhara, Iêmen do
Sul, Tashkent e Andaluzia”.[16]
No contexto da jihad o
suicídio é justificado — até recomendável. Anthony McRoy explica a distinção
entre suicídio e martírio no pensamento dos islamistas da seguinte maneira:
“Suicídio é pecado no islã, mas a definição de suicídio trata da intenção (niyya) do indivíduo. Se a autodestruição é motivada por
desespero com a vida, é suicídio, portanto, pecado. Se é para agradar a Deus,
combatendo os inimigos do islã, exigindo sacrifício pessoal no processo, não é suicídio,
mas martírio. A questão principal repousa no objetivo da ação”.[17]
O Ocidente em geral e os Estados Unidos em
particular são considerados “o Grande Inimigo” que está guerreando contra o
mundo muçulmano. Assim, nas palavras de John Esposito, “Em 1998, Bin Laden
anunciou a formação da Frente Islâmica Mundial pela Jihad contra Judeus e
Cruzados, um grupo que congrega movimentos radicais disseminados pelo mundo
muçulmano, e emitiu uma fatwa declarando
que é obrigação de todos os muçulmanos matar cidadãos dos Estados Unidos e
todos os seus aliados”.[18]
Nesse ponto precisamos reconhecer um desacordo
nítido entre os muçulmanos quanto à aceitabilidade da violência como aplicação
legítima de crenças e valores islâmicos. Assim, a Declaração de Fundação da al-Qaeda
e a constituição do Hamas contêm vários versos do Alcorão. Outros muçulmanos,
porém, alegam que a violência é totalmente inaceitável porque vai contra
a shari’a islâmica que, por exemplo, proíbe a
violência contra civis. O falecido Dr. Zaki Badawi, da Faculdade Muçulmana de
Londres expressou essa forte condenação do terrorismo numa declaração em
resposta a 11/9: “Aqueles que planejam e executam tais atos são condenados pelo
islã, e o massacre de milhares, seja quem for o perpetrador, é um crime contra
Deus, bem como contra a humanidade”.[19]
Alguns muçulmanos alegariam que essa é a questão
mais significativa que divide o mundo muçulmano. A brecha realmente óbvia não
fica tanto entre muçulmanos tradicionalistas ortodoxos e islamistas
politicamente envolvidos, mas entre muçulmanos que praticam e aprovam a
violência e os que não. Assim, por exemplo, Ziauddin Sardar, um muçulmano
britânico, escreve: “Precisamos reconhecer que os terroristas… são produtos da
história islâmica. Só reconhecendo esse fato brutal poderemos compreender que a
luta contra o terrorismo é também uma luta interna muçulmana dentro do próprio
islã. Aliás, é uma luta pela própria alma do islã”.[20] De modo
semelhante, Meghnad Desai, par vitalício da Casa dos Lordes e até recentemente
professor de economia na Escola Londrina de Economia, alega que os islamistas
que se engajam no terrorismo precisam ser considerados pela mesma ótica que o
Grupo Bader-Meinhof, a Brigada Vermelha e as ideologias extremas como o
leninismo, trotskismo e maoísmo.[21] Os que assumem essa postura estão dizendo
que a violência em nome do islã é uma perversão total e uma negação do
verdadeiro islã.
Respostas cristãs ao islamismo e ao “terrorismo
islâmico”
Estes são alguns princípios importantes na
tentativa de determinar o que pode ser uma resposta genuinamente cristã.
Trate das questões teológicas.
Os cristãos que têm as Escrituras em alta conta não
podem deixar de perceber que os muçulmanos têm crenças semelhantes acerca da
autoridade do Alcorão e que os muçulmanos moderados, da corrente principal, bem
como terroristas islamistas baseiam as crenças em sua autoridade. Os cristãos
devem, portanto, perguntar: o que o Alcorão realmente ensina sobre o tema da
violência? É provável que destaquem no Alcorão os versos que convocam à luta
armada contra os incrédulos e argumentem que, embora haja coisas semelhantes em
partes do Antigo Testamento (e.g. em Josué), não há, em absoluto, nada
comparável a esses versos no ensino de Jesus ou no restante do Novo Testamento.
Mas que direção tomar depois disso? De acordo com
alguns cristãos, a história recente simplesmente prova que há algo de violento
na essência do islã porque, como alguns diriam, “há um vírus de violência no
Alcorão. Como podem rebater a ‘escritura sagrada’ ou ir contra ‘o grande
exemplo’ para a humanidade, o próprio Maomé, ou desconsiderar que o islã nasceu
na violência, foi perpetrado na violência e tem uma história de 1.400 anos
impregnada de violência?”
Uma abordagem alternativa é os cristãos
reconhecerem que, embora possam fazer juízo próprio acerca do Alcorão a partir
da perspectiva cristã, não têm o direito de dizer aos muçulmanos como eles
devem interpretá-lo. Se os cristãos não gostam que os muçulmanos lhes digam
como devem interpretar a Bíblia, também não deviam tentar dizer aos muçulmanos
como interpretar o Alcorão. Os cristãos devem, portanto, reconhecer que embora
alguns terroristas islamistas empreguem versos do Alcorão conclamando à
violência como uma justificação teológica do terrorismo, muitos muçulmanos
ortodoxos e islamistas rejeitam totalmente essa forma de interpretar o Alcorão.
Há uma lógica convincente por trás dessas duas maneiras de interpretar o
Alcorão porque ambas são baseadas em princípios de interpretação bem aceitos.
Ambos os grupos usam o mesmo hinário, mas cantam melodias bem diferentes. Os
cristãos, portanto, precisam ser cautelosos ao afirmar que uma ou outra
abordagem é a única maneira de interpretar o Alcorão.
Reconheça a importância das questões
políticas.
Alguns escritores cristãos de hoje afirmam que os
problemas associados ao islamismo e ao “terrorismo islâmico” são
fundamentalmente problemas relacionados à escritura e à teologia islâmica,
subestimando a importância das questões políticas como um motivo de peso na ira
dos muçulmanos. Há algumas expressões recentes dessa posição:
“Em nossa opinião, não é o mundo não muçulmano que
está na encruzilhada, mas o mundo muçulmano. O islã vem, ao longo de toda sua
história, guardando dentro de si um canal de violência legitimado por certas
passagens do Alcorão, ainda que contestadas por outras passagens… Em última
análise, só o mundo muçulmano pode lidar com as raízes do problema que, em
nossa opinião, não está no materialismo do
Ocidente, no colonialismo do século XIX ou no imperialismo norte-americano, mas
na própria história do islã, tanto remota como recente”.[22]
“A primeira motivação dos terroristas e dos homens
bomba suicidas é teológica, composta principalmente de dever e recompensa… Para
lidar com o terrorismo em sua fonte, o islã precisa mudar e passar por uma
transformação. A longo prazo, pode parecer que a única maneira de acabar com o
terrorismo islâmico é reformar o ensino do islã a respeito da guerra e da
violência… Sem uma teologia para alimentá-lo, o terrorismo islâmico acabaria
encolhendo e morreria… A menos que a interpretação militante de fontes
islâmicas seja reconhecida como a causa básica das atividades terroristas
islâmicas, há pouca esperança de uma solução duradoura”.[23]
Outra abordagem possível é reconhecer que questões
políticas têm sido altamente significativas no desenvolvimento do islamismo e
precisam ser levadas a sério na tentativa de compreender a ira plantada no
coração da violência em nome do islã. Ideias de Wahhabi foram levadas da Arábia
para o subcontinente indiano no século XIX e, tendo motivado muitos muçulmanos
em sua luta contra o Raj britânico desde então e século XX afora, continuam a
inspirar resistência entre os muçulmanos a toda e qualquer forma de
imperialismo.[24]
O relato detalhado de Anthony McRoy acerca do
desenvolvimento do islamismo na Grã-Bretanha em From
Rushdie to 7/7: the Radicalisation of Islam in Britain [De
Rushdie a 7/7: a radicalização do islã na Grã-Bretanha] rastreia o processo
através de uma série de crises, começando com o caso de Rushdie em 1988,
passando pela Crise do Golfo em 1990-91, Bósnia (começando em 1991), depois
11/9 em 2001 e 7/7 em 2005. Ele conclui: “para compreender a radicalização da
comunidade muçulmana britânica como um todo, bem como a emergência de grupos
radicais específicos dentro dela, precisamos compreender o impacto de várias
crises sobre a comunidade, como elas afetaram a identidade pessoal, a
assertividade e a organização dos muçulmanos britânicos e ainda o impacto psicológico das crises”.[25] Isso significa
que a história do imperialismo ocidental e questões contemporâneas como o
conflito israelo-palestino e a ocupação do Iraque devem ser consideradas tão
importantes quanto as questões teológicas.
Apoie muçulmanos moderados que questionam
interpretações islamistas das fontes islâmicas
A tendência natural dos cristãos é querer destacar
as diferenças entre Jesus, que estava disposto a ir para a cruz, e Maomé, que
pegou a espada para se proteger e ampliar seu domínio. Eles vão querer chamar a
atenção também para as diferenças entre os três primeiros séculos do
cristianismo, em que os cristãos eram uma minoria impotente e às vezes
perseguida, e os três primeiros séculos do islã, que testemunharam a difusão do
domínio islâmico pela conquista de todo o Oriente Médio e norte da África.
Os muçulmanos, porém, logo vão apontar muitos
exemplos na história do cristianismo — como as cruzadas e a conquista da
América Latina — em que a fé cristã tem sido identificada de perto com o poder
e os cristãos usaram a espada, não só para se defender, mas também para estender
seu domínio. Ao chamar a atenção para o exemplo de Jesus, portanto, é preciso
ter o suporte de uma visão crítica da história cristã e um reconhecimento
honesto das questões contemporâneas que alimentam a ira dos muçulmanos.
Nesse tipo de situação, os cristãos devem estar
dispostos a apoiar os muçulmanos que questionam as interpretações islamistas
mais hostis do Alcorão. Em vez de afirmar que “o Alcorão é essencialmente
violento”, os cristãos devem dar ouvidos ao debate interno entre muçulmanos
moderados e extremistas e oferecer qualquer ajuda que possam para apoiar
muçulmanos que questionam as interpretações mais violentas do Alcorão e o
fazem dentro do islã.[26]
Encontre um meio termo entre a demonização do islã
e a ingenuidade politicamente correta Muitos cristãos sentem que, se
condenarem a ingenuidade de muitas pessoas seculares (e alguns cristãos) que
estão dispostos a ceder às exigências/pedidos dos muçulmanos, a única
alternativa é demonizar o islã e assumir uma linha dura em todas as questões
públicas relacionadas ao islã. Um meio termo entre esses dois extremos
significaria (a) ser realista acerca das verdadeiras intenções de alguns muçulmanos, (b) reconhecer a diversidade
entre os muçulmanos e relacionar-se com eles como indivíduos e grupos com abertura
e honestidade, (c) assumir posição firme em questões de direitos humanos, (d)
trabalhar pelo bem comum de toda a sociedade, (e) demonstrar um respeito
fundamental pelo islã (sem concordar com todos os seus ensinos) e (f)
recomendar a fé cristã, sem constrangimentos, por meio de palavras e atos.
Reconheça o papel que os cristãos podem exercer
como promotores da paz
Visto que nas democracias ocidentais o elo entre
religião e estado foi ou totalmente cortado ou reduzido à insignificância, um
dos principais problemas é que os governos ocidentais têm dificuldades em lidar
com muçulmanos e o islã. Políticos seculares podem tomar medidas pesadas para
resguardar os direitos de cada comunidade e para proteger o próprio país do
terrorismo executado em nome do islã. Mas eles simplesmente carecem da
cosmovisão ou da linguagem que lhes permita manter um diálogo significativo com
os muçulmanos que desejam trazer Deus para a esfera pública.Nessa situação, os
cristãos ocidentais podem desempenhar um papel significativo como intérpretes,
porque deviam ser capazes de compreender os dois lados e se identificar com
ambos — de um lado, com muçulmanos que temem a Deus (com quem têm muitos
valores morais em comum) e, de outro, ocidentais seculares (porque esse é o
mundo em que vivem). Se houver confiança genuína entre cristãos e muçulmanos,
os cristãos podem ser capazes de atuar como promotores da paz e construtores de
pontes.Questione o sionismo cristão e se dissocie dele O apoio
unilateral do Ocidente (e, em especial dos Estados Unidos) a Israel está no
topo da lista de lamentações de todos os islamistas e da maioria dos
muçulmanos; e eles com frequência ficam perplexos e consternados pelo apoio
incondicional dos cristãos a Israel. O sionismo cristão, portanto, precisa ser questionado
publicamente pelos cristãos que podem destacar os efeitos negativos do apoio
unilateral a Israel e também apresentar um meio alternativo mais convincente de
interpretar a Bíblia em relação ao conflito israelo-palestino.
Procure os muçulmanos em respeito e amor, não por
medo
Quando os cristãos ouvem histórias de perseguição
de cristãos em países islâmicos e têm consciência dos objetivos de muitos
islamistas, é compreensível que comecem a ter medo do islã e suspeitem das
intenções de todos os muçulmanos. Por
conseguinte, muitas vezes ficam paralisados pelo medo, mantendo a relação com
os muçulmanos ao mínimo possível. Eles sentem que precisam “colocar-se na
brecha” publicamente contra o islã, como instam alguns líderes cristãos, mas
não têm muita ideia de como se relacionar com seus vizinhos muçulmanos ou
reagir a questões locais e nacionais que dizem respeito aos muçulmanos. O medo
também pode inibi-los no compartilhamento da fé com os muçulmanos. Uma postura
mais saudável é considerar os muçulmanos não como pessoas a quem se deve temer
e resistir, mas como vizinhos a quem se deve amar (Mateus 19.19; 22.39). Quando
formos capazes de construir relacionamentos de confiança, talvez tenhamos
oportunidades de fazer perguntas difíceis. Sem uma relação de confiança e
uma atitude de respeito de nossa parte (“façam isso com mansidão e respeito”, 1
Pedro 3.16), não podemos esperar que os muçulmanos ouçam os questionamentos que
desejamos apresentar ou o nosso testemunho de Cristo.
Os cristãos na Grã-Bretanha precisam lembrar que a
vasta maioria dos muçulmanos em todo o mundo não são islamistas e que os
cristãos que vivem em países islâmicos nem sempre são perseguidos e, com
frequência, têm liberdade surpreendente para viver e compartilhar sua fé. Eles também precisam
saber que alguns dos muçulmanos no Oriente Médio que se tornaram discípulos de
Jesus em anos recentes eram islamistas. Se foi possível ao fariseu Saulo, que
perseguia os cristãos, voltar-se para Cristo, por que não acreditarmos que
islamistas podem ser transformados pela mensagem do evangelho?
Esteja preparado para “discussões pesadas” entre
muçulmanos e islamistas
Os cristãos, claro, vão desejar dar as mãos a todos
os muçulmanos que condenam o terrorismo — especialmente quando ele é usado em
nome da religião. E, ainda que seja difícil manter um diálogo significativo com
islamistas violentos, não devia ser tão difícil ter uma discussão séria com
muçulmanos clássicos e islamistas moderados que tenham consciência da crise que
o terrorismo, em nome do islã, criou para o islã. Nesse diálogo, juntamente com
todas as áreas que temos em comum com os muçulmanos, estas são algumas das
perguntas difíceis que talvez queiramos fazer:
– Estamos preparados para sermos críticos em
relação à nossa história, mas vocês estão preparados para serem críticos com a
sua? Vocês são críticos e, às vezes, amargos em relação a séculos de
imperialismo ocidental. Mas nem sempre percebemos que vocês estão dispostos a
admitir que o islã também tem possuído seus impérios.
– Qual a ordem política ideal de vocês? Sudão,
Arábia Saudita, Irã e Paquistão são países que se denominam “islâmicos”. Se
“Islã é a resposta” é um dos lemas favoritos, vocês podem indicar esses ou
qualquer outro país como indícios de que “islã é a resposta”?
– Vocês aceitam o conceito dos
direitos humanos universais conforme foram desenvolvidos em anos recentes? Muitos
de nós se preocupam com as tensões que parecem existir entre os padrões
internacionalmente aceitos de direitos humanos e os valores islâmicos tradicionais
— e.g., sobre a condição das mulheres e a liberdade de prática e de mudança de
religião.
– O que dizem dos meios que vocês
empregam para alcançar seus objetivos? Os fins justificam os meios? Reconhecemos que
muitos islamistas mantêm o compromisso de trabalhar dentro da lei e dos
processos democráticos, mas nos preocupamos quando ouvimos alguns islamistas
dizendo que não relutam em usar processos democráticos para subverter a
democracia.
– Vocês estão dispostos a aceitar
a existência de sociedades pluralistas? Compreendemos a raiva
de vocês por muita coisa que o Ocidente fez ao mundo muçulmano e também
lamentamos as muitas falhas das sociedades ocidentais, mas não gostamos da
ideia do tipo alternativo de sociedade que muitos islamistas querem criar no
Ocidente. Temos visto na história muitos exemplos do que acontece quando a
ligação entre o estado e a religião fica muito estreita, quando a fé fica
identificada demais com o poder. O texto do Alcorão muito citado, “Não há
compulsão na religião” (2:256) deve significar no mínimo que a submissão a Deus
não pode ser produzida pela coerção.
Conclusão
Os cristãos precisam reconhecer que, apesar de
alguns islamistas aplicarem versos do Alcorão que conclamam à violência
diretamente à situação deles hoje, muitos muçulmanos ortodoxos rejeitam essa
forma de interpretar o Alcorão. Uma vez que os dois grupos estão discutindo,
tendo por base os princípios que acreditam serem genuinamente islâmicos, os
cristãos precisam ser cautelosos ao afirmar que uma posição ou outra representa
“o verdadeiro espírito do islã”.
Os cristãos também precisam reconhecer a
importância das questões políticas que devem ser discutidas juntamente com as
questões teológicas. É vital continuarmos fazendo a pergunta: “Por quê? Quais
os motivos da ira dos muçulmanos e eles têm bons motivos para isso?”
Por fim, os cristãos devem ser muito mais ousados
em dar testemunho de Jesus e se dedicar a “vencer o mal com o bem” (Romanos
12.21). Como discípulos de Jesus, eles devem ter um modo distinto de reagir à
injustiça e procurar mudar o mundo.
Autor convidado, o primeiro envolvimento de Colin Chapman com o islã surgiu pelo trabalho com a Church
Mission Society, em funções docentes no Egito e no Líbano por mais de dezessete
anos. Em sua última função, 1999-2003, foi palestrante sobre Estudos Islâmicos
na Escola de Teologia do Oriente Próximo em Beirute, Líbano. Antes disso,
lecionou na Faculdade Trinity Bristol e foi diretor do Crowther Hall, antiga Faculdade
de Treinamento CMS em Selly Oak, Birmingham. Entre seus livros estão: Cross and
Crescent: Responding to the Challenges of Islam (IVP, 1995; nova edição,
setembro 2007) e “Islamic Terrorism”: Is there a Christian Response? (Grove,
2005). No momento, desfruta de semiaposentadoria em Milton, Cambridge.
Trad. Lucy Yamakami
Notas:
[1] John Esposito, Unholy War: Terror in the Name of Islam, Oxford
University Press, 2003, p.28.
[2] Observe o título: Understanding Islamic
Terrorism: The Islamic Doctrine of War [Compreendendo o
terrorismo islâmico: a doutrina islâmica da Guerra] de Patrick Sookhdeo, Isaac
Publishing, 2004.
[3] Citado em Peter G. Riddell, Christians and Muslims:
Pressures and Potential in a Post 9/11
World, IVP, 2004, p. 18.
[4] Veja Anthony Mc Roy, From Rushdie to 7/7: The
Radicalization of Islam in Britain, The Social Affairs Unit, 2006.
[5] Veja, por exemplo, Tariq Ramadan, Western Muslims and the Future
of Islam, Oxford University Press, 2004, p. 72-74.
[6] Kenneth Cragg, Islam and the Muslim,
The Open University Press, 1978, p. 79.
[7] Esposito, Unholy War, p. 27.
[8] Bernard Lewis, The Crisis of Islam: Holy War
and Unholy Terror, Phoenix, 2004, p. 27.
[9] Citado em McRoy, From Rushdie to 7/7,
p. 234.
[10] Veja Charles Allen, God’s Terrorists: The Wahhabi
Cult and the Hidden Roots of Modern Jihad, Da Capo Press, 2006.
[11] Veja “Islamic Terrorism”: Is there a Christian
Response?, de minha autoria, Grove, 2005, p. 5-11.
[12] Jason Burke, Al-Qaeda: The True Story of
Radical Islam, Penguin, 2004, 1984. Veja também Ed Husain, The Islamist, Penguin, 2007.
[13] Veja, por exemplo, Ismail al-Faruqi, “Islam and Zionism” em John L.
Esposito, ed., Voices of Resurgent Islam, Oxford
University Press, 1983, p. 260-267.
[14] Veja, por exemplo, Amal
Saad-Ghorayeb, Hizbu’llah:Politics and Religion,
Pluto Press, 2002, p. 172-3.
[15] Burke, Al-Qaeda, p. 284.
[16] Citado em Esposito, Unholy War, p. 7.
[17] McRoy,
From Rushdie to 7/7, p. 58.
[18] Esposito, Unholy War, p. 21.
[19] Zaki Badawi. Thought for the Day,
radio BBC 4, 13 de setembro de 2001, citado em Peter G. Riddell e Peter
Cotterall, Islam in Conflict: Past, Present and Future,
IVP, 2003, p. 183.
[20] Ziauddin Sardar, Desperately Seeking Paradise,
Grants, 2004.
[21] Meghnad Desai, Rethinking Islamism: The
Ideology of the New Terror, I. B. Tauris, 2007.
[22] Peter G. Riddell e Peter Cotterell, Islam in Conflict: Past,
Present and Future, IVP, 2003, p. 7-8.
[23] Sookhdeo, Understanding Islamic Terrorism,
p. 143, 214, 217 e 221.
[24] Veja Charles Allen, God’s Terrorists: The Wahhabi
Cult and the Hidden Roots of Modern Jihad.
[25] McRoy, From Rushdie to 7/7, p. 233.
[26] Veja, por exemplo, Kenneth Cragg, The Qur’an and the West,
Melisende, 2005.
[27] Veja, de minha autoria, Whose Promised Land?,
Lion, 2002; Stephen Sizer, Christian Zionism: Road-Map to
Armageddon?, IVP, 2004, e Zion’s Christian Soldiers? The
Bible, Israel and the Church, IVP, Autumn 2007; Peter Walker, ‘Centre Stage: Jerusalem or Jesus?’, Cambridge Papers,
vol. 5, no. 1, 1996.