Por Diogo
Bercito
09/06/15
11:10. em: http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/#_=_
Construção otomana na área arqueológica de Biblos.Crédito Diogo Bercito/Folhapress
A casinha otomana de telhado vermelho, sozinha na
beirada de um precipício, não sabe — mas Biblos, a cidade em que foi construída
durante um império já extinto, foi eleita em maio a “capital do turismo árabe” de 2016. O que as ruínas desta cidade libanesa sabem, porém,
é que a passagem de turistas por suas ruelas depende, antes de tudo, da
estabilidade e da segurança regional. Com uma guerra civil
destruindo a vizinha Síria, e em um país sem presidente há mais de um ano,
Biblos espera agora um contexto favorável para colher os frutos de sua
indústria turística.
“Para trabalharmos a favor de Jbeil [nome árabe de
Biblos] e da temporada turística de 2016 no Líbano, rezamos para que os
níveis mínimos de estabilidade e de consenso político sejam preservados”,
disse Michel Pharaon, ministro de Turismo, após o anúncio da escolha da cidade
como capital do turismo árabe. A celebração da vitória ocorre nesta
quinta-feira (11). Biblos disputa com Damasco e Jericó o título de cidade habitada continuamente há mais
tempo. São ao menos 7.000 anos de história, incluindo a passagem de
impérios como o fenício, o romano e o otomano. Foi em Biblos, segundo relatos,
que o alfabeto foi inventado — uma criação fenícia que, espalhada por
mercadores, deu origem aos sistemas de escrita grego e latino. De acordo com uma reportagem do jornal britânico
“Guardian”, Biblos – a uma hora de carro da capital, Beirute – enfrenta hoje não
apenas a instabilidade regional. A cidade vive uma batalha diária entre
sua história e os avanços da modernidade, acomodando bares em suas
ruas de pedra e alternando entre os cantos vindos dos minaretes e a música das
caixas de som.