sexta-feira, 26 de junho de 2015

Capital do turismo árabe, Biblos depende da segurança regional



Por Diogo Bercito
09/06/15 11:10. em: http://orientalissimo.blogfolha.uol.com.br/#_=_



Construção otomana na área arqueológica de Biblos.Crédito Diogo Bercito/Folhapress
A casinha otomana de telhado vermelho, sozinha na beirada de um precipício, não sabe — mas Biblos, a cidade em que foi construída durante um império já extinto, foi eleita em maio a “capital do turismo árabe” de 2016. O que as ruínas desta cidade libanesa sabem, porém, é que a passagem de turistas por suas ruelas depende, antes de tudo, da estabilidade e da segurança regional. Com uma guerra civil destruindo a vizinha Síria, e em um país sem presidente há mais de um ano, Biblos espera agora um contexto favorável para colher os frutos de sua indústria turística.
“Para trabalharmos a favor de Jbeil [nome árabe de Biblos] e da temporada turística de 2016 no Líbano, rezamos para que os níveis mínimos de estabilidade e de consenso político sejam preservados”, disse Michel Pharaon, ministro de Turismo, após o anúncio da escolha da cidade como capital do turismo árabe. A celebração da vitória ocorre nesta quinta-feira (11). Biblos disputa com Damasco e Jericó o título de cidade habitada continuamente há mais tempo. São ao menos 7.000 anos de história, incluindo a passagem de impérios como o fenício, o romano e o otomano. Foi em Biblos, segundo relatos, que o alfabeto foi inventado — uma criação fenícia que, espalhada por mercadores, deu origem aos sistemas de escrita grego e latino. De acordo com uma reportagem do jornal britânico “Guardian”, Biblos – a uma hora de carro da capital, Beirute – enfrenta hoje não apenas a instabilidade regional. A cidade vive uma batalha diária entre sua história e os avanços da modernidade, acomodando bares em suas ruas de pedra e alternando entre os cantos vindos dos minaretes e a música das caixas de som.